sexta-feira, 27 de março de 2009

O Stress na Sala de Aula, e suas Conseqüências para a Aprendizagem


O stress na sala de aula, e suas conseqüências para a aprendizagem

O stress infantil

O stress é um estado de tensão emocional que produz um estado psicológico desagradável caracterizado por distúrbio do sono, dificuldade de concentração, irritabilidade, etc.
Quando nosso cérebro se manifesta de forma independente de nossa vontade,
interpretar alguma situação como ameaçadora (estressante), todo nosso organismo começa a desenvolver uma série de alterações denominadas em seu conjunto, de Síndrome Geral da Adaptação ao Estress, onde todas as respostas corporais e
psicológicas tendem a entrar em estado de alerta geral, ou seja, todo organismo é envolvido sem que haja uma exclusividade ou especificidade de algum órgão em particular, assim cita a Revista PsiqWeb, em seu caderno especial sobre o estress, esses são alguns dos sintomas desse mal que atinge também crianças...
Nas últimas décadas, mudança nos níveis da sociedade passou a exigir do homem, da mulher e da criança uma grande capacidade de adaptação física, mental e social.
As pressões atuais sobre as crianças para crescerem depressa começam desde a infância. Uma delas é a pressão por uma aquisição intelectual precoce.
Várias décadas atrás, a precocidade era encarada com desconfiança. Segundo Elkind
(2004), a criança prodígio - assim se pensava - transformava-se em um adulto neurótico; daí a expressão "amadurecimento precoce, deteriorização precoce!".
Diziam-se aos pais que se eles não começassem a ensinar as crianças quando pequenas
seria perdida uma oportunidade para a aprendizagem.
"As crianças precisam de tempo para crescer, para aprender e para se desenvolver. Trata-las diferente dos adultos não é discriminá-las, mas reconhecer sua condição especial" (ELKIND, 2004).

Stress na sala de aula

A causa do estresse sempre esteve presente na sala de aula, mesmo de forma camuflada, o aluno demonstra que algo está errado ou mal explicado, seja no relacionamento com a família com os professores ou mesmo com os colegas. Isso nos dias atuais tem sido tema de pesquisa de psicólogo, neurologista e, preocupação da família, de diretores e professores.
Uma sociedade que cobra o cidadão a contemplação de várias habilidades é a mesma que contribui para que as crianças não suportem a pressão e cobranças dos adultos a sua participação nas diversas atividades que não condizem com a estrutura física e psicológica da criança.
Além das responsabilidades do estudo da convivência na escola, a criança hoje vive em uma sociedade que exige um sujeito competente e que possua um alto índice de conhecimento, ao mesmo tempo essa sociedade apresenta um percentual de marginalidade e violência muito grande, fazendo assim, surgir sintomas desencadeantes para o estresse na sala de aula.
A criança passa a demonstrar vários medos, falta de concentração, agressividade, irritação constante ou momentos de isolamento, mudanças bruscas de comportamento e outros males que atingem as crianças em idade escolar.
Segundo reportagem da revista Nova Escola, edição 167, de 2003, o excesso de atividades (cursos, esportes e outros) causadores do estresse na classe média alta, também atinge a criança das classes populares que precisa trabalhar cada vez mais cedo seja para ganhar dinheiro e ajudar a família ou cuidar de irmãos mais novos, ir para escola com fome, viver em locais que trazem riscos e não ter quem ajudem
nas tarefas escolares. Mesmo assim a sociedade cobra delas desempenho e responsabilidade.

O uso de medicamentos

Esse quadro de instabilidade e estresse nas crianças tem levado muitos pais a procurar nos consultórios médicos soluções rápidas, para resolver problemas que muitas vezes possuem um histórico de comportamento familiar ou de
afetividade.
Em reportagem na Revista Época, de 2006 diz: "Estamos dando remédios demais para as crianças"?
Mostra os riscos de uma geração que toma remédio até pelo mau comportamento, tem contribuído para que crianças iniciem precocemente o uso de substancias químicas (drogas) desde muito sedo para que consigam ter aprendizagem, segurança e bom
comportamento. "Parece que a medicina tem o poder de curar tudo. Ninguém pode ter uma decepção, ficar triste. Hoje todos querem uma pílula" diz o neurologista Eduardo G. Mutarelli, professor da USP.
De acordo com o psicólogo Bob Jacobs, essa geração tem crescido encorajada a fazer uso de drogas psiquiatras antes mesmo de descobrir suas emoções, inseguranças e frustrações, que sendo de forma sadia contribuem para a formação do indivíduo.
A ciência não tem como diagnosticar com precisão e detectar o transtorno, fazendo assim só uma avaliação comportamental da criança.
Isso tem contribuído para que muitas crianças estejam sendo medicadas sem que haja necessidade.
Muitos desses medicamentos pode até ajudar no início do tratamento, porém os efeitos colaterais e danos futuros não podem ser previstos, pois, "hoje já se sabe que os lobos frontais - a região do cérebro que gerencia os sentimentos e pensamentos - não ficam completamente maduros antes dos 30 anos".
Com isso tem deixado cientistas em alerta sobre o uso de medicamentos mais usados por crianças e adolescentes como a Ritalina e o Prozac e outras que possuem efeitos maléficos em longo prazo.

Professores atentos

A maior dificuldade dos professores em detectar o estress nas crianças é a sua semelhança dos sintomas com o mau comportamento, rebeldia e até hiperatividade. Segundo a diretora do Centro Psicológico de Controle de Estress, em Campinas - São Paulo, a qual (CALVALCANTE, 2003), faz referência afirma que o estress não é
uma doença, mas um conjunto de reações físicas e psicológicas que senão tratadas a tempo podem resultar em doenças".
É por isso que os professores devem está atentos aos seus alunos na sala de aula, para que possam ajudá-los de forma correta, uma vez que, estão mais próximos das crianças.
Vale ressaltar que o professor não é habilitado para tal diagnóstico, o educador pode se tornar um facilitador para tal compreensão e futura ajuda mediante o problema em questão.
Na verdade, o reconhecimento das necessidades especiais de um grupo e a acomodação a essas necessidades são as únicas maneiras de lhe garantir realmente igualdade e oportunidade.
Sendo assim, se faz necessário conhecimento de como lidar com as crianças estressadas na sala de aula, pois pode não ser o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, e sim um comportamento usado para chamar atenção das pessoas, nada que um pouco mais de atenção e afetividade não possam resolver, visto que "a elaboração da agressividade é tão importante quanto à da afetividade na vivência transferencial pedagógica para fazer o vinculo emocional professor-aluno a grande
condição de aprender a amar o saber na Pedagogia Simbólica Junguiana" (BYINGTON, 2003).
Afinal, os problemas enfrentados pelas crianças hoje são muito mais do que elas podem suportar e identificá-lo no seu estado nascente é a grande contribuição
social do educador.

Inclusão além da escola

INCLUSÃO: ONDE? COMO?

MEU DESEJO

Olhando o entorno, percebemos a educação escolar sendo revista: - nos meios de comunicação quando elegem esta temática - em livros publicados recentemente - em reuniões onde educadores encontram-se para debater, conversar, trocar, inteirar-se mais desse grande desafio que tem como mote, o desenvolvimento do conhecimento do outro.
Claramente, nota-se nessas situações, a presença do conceito relativamente novo (dentro da área educacional) – A INCLUSÃO.

Incluir- “colocar dentro, inserir”.

Debates surgem e opiniões são colocadas.
Há um movimento em prol de uma população que, ao ser diferente em alguns aspectos daquilo que se padronizou como normal encontrava até então, somente portas fechadas dentro do âmbito acadêmico a não ser que se acomodasse em escolas especializadas apenas para deficiências mentais, físicas ou sensoriais.
Interessante observar-se que, se pensamos atualmente na inserção dessas pessoas em instituições de ensino como algo inovador, benéfico, progressista, esquecemos de olhar para trás e, verificar que apenas estamos revigorando, fazendo renascer idéias e práticas há 50, 60 anos tendo em vista que em São Paulo, no I.E.C.C. essa proposta “sempre” existiu.
A convivência com o deficiente auditivo e visual nunca foi motivo de grandes elucubrações, tensões, programas que exigissem tantas e tamanhas considerações.
O fato acontecia dentro da naturalidade, dentro de um percurso absolutamente tranqüilo.
Todos ajudavam, havendo até certa disputa entre colegas que atuavam não com comiseração ou dó e sim como mediadores naturais dentro de um contexto que lhes proporcionava esse ajuste social.
Não é válido o movimento existente atualmente?
Sem sombra de dúvida.
Exalto, enalteço pois encontro agora companheiros aliados para essa causa.
Minha luta para essa inserção é e sempre foi muito grande pois além do atendimento clínico, sempre me debati com escolas ou instituições quanto a essa aceitação.
Fiz essa pontuação acima apenas com o objetivo de mostrar o quanto o preconceito é originário da não aceitação daquilo que é diferente.
Quando teria começado?
Não sei ... mas arrisco: o pouco preparo do professor que foi pouco a pouco se estabelecendo, paulatinamente acabou afastando os deficientes ao mesmo tempo que outros espaços que apostaram nas especializações e portanto mais preparados, foram se abrindo.

Sem a pretensão e nem a ousadia de julgar, fico a me perguntar: se o “não aceite” das escolas padrões, está apoiado na argumentação de que é “impossível” ter alunos com necessidades especiais como as instituições especializadas.
Surge uma dúvida: se as escolas especiais (grande parte delas) absorvem um contingente de alunos com etiologias diferentes, porque há tanta resistência em acomodar o deficiente numa sala comum?
Arrisco a opinar mediante a questão que eu mesma coloquei: o governo legislou em causa própria, com argumentos demagógicos, angariando a simpatia de familiares que passaram a depositar fé na escolaridade do filho; antecipou sem preparar profissionais, sem oferecer edificações apropriadas, sem a oferta de transporte, sem especialistas que possam trabalhar conjuntamente com a equipe docente, sem nenhum tipo de embasamento acerca de síndromes, de deficientes sensoriais, neurológicas ou congênitas.
Isto não significa que eu seja a favor de rótulos; muito pelo contrário, muitas vezes corremos o risco de limitarmos nossa atuação,justificada pela causa; no entanto, há que se esperar minimamente que nossos educadores possam se abastecer de instrumentos auxiliares, que possam recorrer à orientações, que possam receber informações pertinentes e relevantes.
Minha incredulidade aumenta ao ouvir que os professores não querem, que resistem, que não estão com boa vontade ...
Resistem sim, resistem por serem responsáveis, por serem incapazes de enganar, de falcatruar “fazendo de conta que” ensinam um deficiente visual sem ter o domínio do Braile ou do deficiente auditivo, sem conhecerem Libras, por exemplo.
Lembro às autoridades que tecem comentários de impertinência quanto à postura temerosa mas sadia da classe acadêmica, tão destituída de privilégios, imbuída da missão que lhes cabe, busca cursos particulares para se apropriarem do conhecimento!!!

Às perguntas colocadas no título, pondero:

Onde?
Em todos os lugares.
Que não se restrinja às escolas pois se a população de pais de “normais” não for sensibilizada, tornando-se cúmplice desse processo, atuando junto, colaborando, afastando o preconceito de suas casas, dificilmente conseguiremos caminhar mesmo cientes de que o movimento toma maiores dimensões; as barreiras serão muito grandes. Pais menos avisados, influenciados pelo preconceito, contaminam seus filhos que passam a criar verdadeiras muralhas para que não aconteça a saudável comunicação e a convivência com a diversidade.
Se, não acreditam no benefício que seu filho normal possa vir a usufruir aprendendo que na vida adulta estará cercado de pessoas menos competentes que ele, como também se defrontará com os mais fortes, mais inteligentes, mais sábios, que no mínimo, reconsiderem o conceito de respeito e o introduza em seus filhos.
Deparei-me com vários casais que, ao tomarem conhecimento de que seu filho normal era colega de alguém que apresentava alguma excepcionalidade, passaram a justificar esse ou aquele comportamento de seu filho, à uma situação de espelho: seu filho estaria reproduzindo um modelo condenável, não aceito, imitativo e isso seria “deseducativo”!
Outro argumento um tanto comum: “ eu não quero essa convivência pois ele vai se achar igual, sua auto-estima vai cair...” !!!
Ao mesmo tempo que me permito fugir à ética e exclamar: “Santa Ignorância”! reflito o quanto há necessidade de investimentos frente à quebra desses tabus.

Seja em casa, seja com pais de estudantes, seja com a população geral, seja com o governo que minimamente estabeleceu algumas leis com cunho protecionista – não se trata de proteção, se trata de direito!
Não se trata de ajuda, se trata de dever!
E, quanto ainda falta fazer...!!!
Como subir num ônibus, como atravessar uma rua sem guia rebaixada como assistir a um filme cujo cinema tem escada, quando nos referimos ao deficiente físico?
Como o deficiente auditivo pode inteirar-se de notícias, documentários ou filmes se, dificilmente há uma tradutor de libras?
O quão pouco nos deparamos com os deficientes ...
Porque?
Seu lugar é o confinamento...com raras e honrosas exceções ...
Não há o hábito de se estabelecer contato...não há atitudes sociais integradoras...Voltando à linhas anteriores: o que se tinha...perdeu-se!

Como?
Não sou dono da verdade e nem receita pronta eu tenho.
Também quero aprender; também quero saber como fazer.
No entanto, resolvi palpitar: falar, falar, falar.
Discutir, discutir, discutir.
Elucidar a população quanto às capacidades, incapacidades, origens, “os porquês”, através da mídia tão desenvolvida como está, vai introduzindo pouco a pouco nova concepção.
Promover encontros que com certeza serão geradores de idéias, talvez vá desmistificando esse olhar enquanto se busca maior esmero e agilização na capacitação de profissionais.
Vejo temor nos professores e dou-lhes razão: como agirão, se o despreparo existe?
A quem pedirão socorro? Pessoas responsáveis, que querem acertar, que buscam melhoria existem em grande número mas, estão sem ferramentas, sem instrumentos.
É compreensível a manutenção da distância, do “eu não quero” quando há medo do não acerto.
Que se mobilizem as empresas, que se montem estratégias, que seja um movimento agregador; que se convidem pessoas para colaborar, que se busquem exemplos, que se transforme a concepção do diferente buscando as igualdades pois todos pertencemos a uma única linhagem: somos humanos.
Como fazer mudanças acadêmicas se a sociedade dita outras regras subliminares?
Há que se pensar num como, que abranja, que atinja culturalmente as pessoas.
O como alterar a dinâmica nas escolas, deve ser precedido ou, pelo menos de maneira concomitante, no, como dar nova configuração ao estabelecido.
Talvez tenhamos que partir da escola... talvez sim, mas, que seja essa mudança propalada para outros ambientes, que seja destituído o preconceito.
Que os pais de filhos deficientes sejam amparados, auxiliados e mobilizados para a aceitação desse filho, superando a expectativa lançada para que tenham condição de vê-los, de senti-los, de serem continentes.
Que sejam sensibilizados quanto ao investimento, propiciando-lhes uma melhor condição de vida. Infelizmente, não é raro nos depararmos com “é caro... ou não dá tempo” recaindo sobre outros filhos o gasto de tempo e dinheiro, pois estes darão retorno.
Julgo-os?
Culpo-os?
Não, absolutamente.
Jogo sobre a sociedade essa deformação; jogo para a cultura esse posicionamento; jogo para a falta de informação essa postura. Cabe a nós oferecermos informações, sensibilizá-los quanto à aceitação.

Meu desejo: Mesmo ciente de que a expectativa deva ser revista caso a caso, mesmo sabendo que há dores, que se estabeleçam novos parâmetros pois todos temos a ganhar.
Que se enxergue gente como a gente.
Que percebamos que o ser humano é muito maior que a falta de um andar, que é muito maior que uma visão ou audição perfeita, percebamos que, se o deficiente mental apresenta uma cognição empobrecida, tem como denominador comum alinhavando-nos a eles, os sentimentos.
Todos sentem, todos gostam, todos somos iguais nas emoções.
Incluir? Inserir?
Que moldemos essa inclusão, mas, não nos esquecendo que já estão inclusos, pois, nos pertencem.
Querendo ou não, com ou sem preconceito, dedicando-se ou não ao tema, eles fazem partem de nós.
Basta simplesmente abrir-lhes espaço para que o sentimento de pertinência não mais fique encoberto.

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