segunda-feira, 29 de junho de 2009

A NATUREZA DOS VALORES PELO PROFESSOR, PALESTRANTE E ESCRITOR WAGNER JARDIM


Os Psicólogos empregam termos "valores e atitudes" principalmente em relação ao estudo do ser humano, atitudes e valores são construções hipotéticas, não podem ser observadas diretamente, as atitudes podem ser inferidas por seus efeitos, sobre os atos, os comportamentos, que são observáveis.
Não podemos observar a temperatura, mas ela pode ser inferida a partir de seus efeitos, ; altas temperaturas derretem objetos, queimam os dedos, baixas temperaturas congelam líquidos, condensam gases.
podemos então definir atitude como uma predisposição duradoura para pensar, sentir, perceber e agir, de maneira favorável ou não em relação a um objeto, uma idéia ou uma pessoa.
Em psicologia, o termo atitude é sempre empregado com referência a alguma coisa. Nas faz sentido dizer que alguém tem uma atitude positiva. É necessário especificar "atitude a respeito de que".
Segundo Allport, Valor é uma crença em que o ser humano se baseia para atuar por preferência.
Portanto a distinção frequente entre esses dois conceitos é que os valores ocupam uma posição mais central que as atitudes.
Convido cada um para examinar alguns de seus valores e observar como a atitude em relação a uma pessoa, objeto ou idéia, decorre deles.
Se atribuímos elevado valor à honestidade, adotamos uma atitude negativa em relação a um ser humano que conta istemáticamente mentiras, ou à políticos corruptos; se conferimos grande valor a justiça, votaremos em políticos que atuem na defesa dos direitos humanos.
Segundo Rokesch e Allport, o ser humano pode atuar e não somente reagir, como afirma Skinner, o ser humano elabora um sistema de valores, que são medidas pelas quais ele organiza o meio social; as atitudes seriam as manifestações desta ordenação; nossas atitudes decorrem do nosso sistema de valores.
Sustentamos sempre nossos valores de forma absoluta. Não acreditamos em pouca ou muita liberdade; acreditamos e nos empenhamos em sua completa realização. A razão para essa crença total nos valores talvez seja e esteja ligada ao fato de nos concebermos como padrões de comportamento; podemos falar de vários graus de atitudes positivas ou negativas, duas pessoas podem atribuir análogo valor ao "poder", mas a medida em que cada uma delas se empenhará para realizar esse valor pode ser diferente em intensidade. Mas podemos dizer que um valor determina a atitude e o comportamento subsequente.
Uma atitude positiva em relação ao negro pode estar associada a pessoas que atribuem alto valor a "igualdade e liberdade"; em decorrência seu comportamento com relação ao ser humano negro será natural e espontâneo.

A NATUREZA DAS ATITUDES PELO PROFESSOR, ESCRITOR E PALESTRANTE WAGNER JARDIM


Se um indivíduo tem uma atitude positiva em relação a seus pais, isto é considerado pelos psicológos uma disposição para sentir, pensar e estar inclinado a agir de modo positivo em relação a eles. Sustentam eles que cada indivíduo possui um componente cognitivo(crenças e idéias), um componente afetivo (sentimentos e valores) e um componente conativo (tendências comportamentais). Assim está estabelecida; a guerra (cognitivo: o que ela é)é má (expressão de sentimento emocional) e portanto deve ser evitada (ação: não a faremos).
O valor negativo conta, e é chamado comumente de contra valor, no caso, a guerra seria um contra valor, e a paz um valor absoluto.
A correspondência perfeita entre uma atitude singular e um ato específico só raramente acontece; a coerência entre o pensar, sentir e agir é extremamente difícil; as pessoas podem dizer que não rejeitarão um membro de um grupo minoritário ou que comparecerão a uma reunião importante desse grupo, por que são socialmente desejáveis; mas não agirão necessariamente de acordo com o que dizem.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Atitudes, Valores e Motivação pelo Palestrante, Prof. e Escritor Wagner Jardim


No comportamento dos seres humanos, as atitudes, os valores e a motivação são partes de um mesmo processo; desde o começo do século XX, os psicólogos concordam que o comportamento humano é intencional e dirigido para uma finalidade.
assim sendo estudando o comportamento humano, podemos chegar a conclusão de que ele é sempre motivado na direção de satisfazer uma necessidade; uma pessoa é motivada a alcançar determinado objetivo por possuir internamente a necessidade de alcançá-lo.
Assim Maslow identificou cinco necessidades fundamentais e as dispôs numa hierarquia.


5- Das Necessidades de Auto-Realização

4- De Respeito e Reconhecimento

3- De Aceitação e Afeto

2- Da Necessidade de Segurança


1- Das Necessidades Fisiológicas


Maslow afirma que, se uma pessoa for totalmente carente, ela seria dominada por suas necessidades de subsistência(fome, etc...)as outras necessidades seriam reprimidas ou desapareceriam.
As necessidades fisiológicas e de segurança estão centradas no indivíduo; uma vez satisfeitas, aparecem as necessidades sociais.
Muitas vezes a segurança física não se revela tão importante quanto a segurança psicológica (a sensação de estar protegido de males e danos, sentimento de segurança no trabalho, na moradia e etc....)
Da aceitação e afeto nesse terceiro estágio o individuo é motivado para assegurar seu lugar num determinado grupo, com a gratificação do sentimento de perceber a ele, bem como construir relações emocionais íntimas com os demais, a dar e receber amor.
Maslow denominou a necessidade de respeito o conjunto de necessidades de auto-respeito e avaliação de si mesmo, como também o respeito e consideração por parte dos outros. Esse conjunto foi subdividido em dois: primeiro há a necessidade de independência e liberdade e. de um sentimento íntimo de confiança na própria competência para lidar com o mundo. Segundo há a necessidade de ter esta competência reconhecida e apreciada pelos demais.
Por fim, vem a auto-realização, não como um estágio do organismo - como a fome a ser satisfeita por uma gratificação periódica - mas como um processo de ser humano, no qual o individuo luta para alcançar a extensão total da sua capacidade. Segundo ainda Maslow, as outras necessidades são caracterizadas por deficit, ao passo que a de auto-realização é de crescimento.
Embora exista a hierarquia, cada necessidade não precisa ser completamente satisfeita para que surja a necessidade mais elevada; pelo contrário, a maior parte dos membros de nossa sociedade se acha ao mesmo tempo parcialmente satisfeita e parcialmente insatisfeita, quanto as suas necessidades.
Atitudes, valores e motivação variam consideralvelmente de um indivíduo para outro, a despeito da semelhança biológica, variam sistemáticamente de uma cultura para outra e são manipuladas muito facilmente, controlando-se as experiências do indivíduo (propaganda).

Prof. Wagner Jardim - Palestrante, Professor e Escritor
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FATORES QUE INTERFEREM NA FORMAÇÃO DE VALORES E ATITUDES PELO PALESTRANTE PROF. WAGNER JARDIM


O processo de aquisição é complicado e controvertido, posso apresentar como fatores predominantes:

a- a personalidade do indivíduo e as predisposições que ele aplica em qualquer situação;

b- o processo de socialização, que pode ser considerado como processo pelo qual os indivíduos atingem as expectativas de papéis, valores e atitudes da sociedade, através das relações inter-pessoais, este processo esta limitado à criança, mas atinge toda a vida adulta;

c- a filiação a um grupo e o modo como isso afeta as atitudes e valores dentro e fora do grupo;

d- a classe social a que o indivíduo pertence.

A personalidade afeta a socialização, que por sua vez influi na filiação a um grupo, mas o inverso também é verdadeiro. o problema quanto à aprendizagem de valores é que ela se dá de maneira sútil, como decorrência das múltiplas modelações que a convivência social enseja; muitas vezes, só mais tarde, na vida adulta, é que a pessoa através de análises introspectivas e retrospectivas, percebe os valores que estão por trás de suas ações, construindo novas aprendizagens, agora sobre si mesma e, ampliando, de modo significativo, seu campo de compreensão do mundo.
Um dos fatores que interfere em nosso julgamento de valor é o preconceito.
O preconceito é um processo perceptivo no qual os objetos e as pessoas são julgadas antecipadamente, com base em informações bastantes pobres e limitadas.
Ter preconceito em relação ao gay, ao credo, ao negro implica, como qualquer outra atitude negativa, que uma pessoa esta predisposta a sentir, pensar e conduzir-se em relação a isso de forma negativa previsível, a discriminação ao gay, ao credo e ao negro, é o comportamento concreto resultante do preconceito.
O estereótipo é basicamente neutro; é um conceito excessivamente generalizado que se baseia em informação incompleta e ambígua; atribuímos certas características a um determinado grupo; ao encontrarmos qualquer de seus membros, esperamos que ele seja um típico desse grupo e compartilhe de todos os seus atríbutos.
Assim a minha opinião estereotipada sobre os italianos, de serem extrovertidos e musicais, de falarem alto e com as mãos, embora haja tantos italianos introvertidos e desafinados, de fala baixa e mansa.

Palestrante e Prof. Wagner Jardim
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Quando e Se.....


Alguém te procurar:

Com frio... É porque você tem o cobertor.

Com alegria... É porque você tem o sorriso.

Com lágrimas... É porque você tem o lenço.

Com versos... É porque você tem a música.

Com dor... É porque você tem o curativo.

Com palavras... É porque você tem a audição.

Com fome... É porque você tem o alimento.

Com beijos... É porque você tem o mel.

Com dúvidas... É porque você tem o caminho.

Com orquestras... É porque você tem a festa.

Com desânimo... É porque você tem o estímulo.

Com fantasias... É porque você tem a realidade.

Com desespero... É porque você tem a Serenidade.

Com entusiasmo... É porque você tem o brilho.

Com segredos... É porque você tem a cumplicidade.

Com tumulto... É porque você tem a calma.

Com confiança... É porque você tem a força.

Com medo... É porque você tem o AMOR!

Ninguém chega até VOCÊ por acaso.
Em "TUDO" há o propósito de Deus!
Inclusive em você estar lendo aqui, agora.
Por esta razão e outras.
Afinal...
"Você pode até não ser ninguém para este mundo,
mas é o mundo para alguém!"

Quando!



Quando o sonho se desfaz... DEUS reconstrói!
Quando se acabam as forças... DEUS renova!
Quando é inevitável conter as lágrimas... DEUS dá alegria!
Quando não há mais amor... DEUS o faz nascer!
Quando a maldição é certa... DEUS a transforma em benção!
Quando parecer ser o final... DEUS dá novo começo!
Quando a aflição quer persistir... DEUS nos envolve com paz!
Quando a doença assola... DEUS é quem cura!
Quando o impossível se levanta... DEUS nos pega no colo!
Quando faltam palavras... DEUS sabe o q queremos dizer!
Quando todas as portas estão fechadas... DEUS abre uma nova janela!
Quando você diz: Não vou conseguir?...DEUS diz:Não temas, pois, estou contigo!
Quando o coração é machucado por alguém...DEUS é quem derrama o bálsamo curador!
Quando parece impossível..DEUS faz o milagre!
Quando só há morte...DEUS nos da a vida!
Quando a noite parecer não ter fim...DEUS faz nascer o amanhecer.
Quando agente não tem ninguém... Deus me apresenta vc
Acredite...DEUS tem o melhor pra vc!!!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Relação Professor - Aluno - Uma Revisão Crítica



















Relação Professor - Aluno - Uma Revisão Crítica

Por Wagner Rogério de Souza Jardim

Como profissionais críticos e atuantes na área de ensino, observamos que, atualmente, impera um total descaso pelo ato de lecionar e aprender. Já não há mais o respeito mútuo entre discentes e docentes; a indisciplina em sala de aula é uma constante; a dificuldade que os estudantes encontram em usar a linguagem escrita como elemento de reforço ou registro da fala, uma triste realidade; e atos de violência escolar já fazem parte do nosso dia-a-dia. Portanto, este artigo têm como objetivo mostrar alguns dos problemas que constatamos no decorrer do processo ensino-aprendizagem e apresentar sugestões, sempre respaldadas por embasamentos teóricos e experiências reais vivenciadas por profissionais renomados, de como tais problemas poderiam ser melhor administrados e, por que não, eliminados. Considerando tal abordagem, tomamos por base de nossas observações a relação professor-aluno, como uma revisão crítica de desempenho e atitude social; aliada à metodologia adotada pelo docente; se não o maior, um dos principais fatores que rege a motivação pelo aprender por parte do discente em formação.


Palavras-chave: crítica, revisão, professor, aluno, relações pessoais.


O ser humano é social por natureza. Desde muito jovens vivemos em sociedade, fazemos parte e formamos grupos com pessoas das mais diversificadas crenças, origens e personalidades. Graças a esse convívio no decorrer de nossas vidas, vivemos situações que nos constrangem ou enaltecem, sofremos desilusões, aprendemos com nossos erros e acertos e, através de comparações, conseguimos construir a nossa personalidade e interagir com o universo.
Nesse referencial, nossos melhores amigos, companheiros e colegas, aqueles que com suas frases, críticas, conselhos e atitudes, muitas vezes, fazem com que melhoremos em certos aspectos e comportamentos negativos que apresentamos, conseguem nos sensibilizar, pois conquistaram nossa confiança, nosso respeito, são exemplos de companheirismo e demonstra um sincero interesse pelo nosso bem-estar.

Se as relações humanas, embora complexas, são elas peças fundamentais na realização de mudanças em nível profissional e comportamental, como então podemos ignorar a importância de toda essa interação entre professores e alunos?

ELIAS destaca: “É por intermédio das modificações comportamentais da área afetiva que a escola pode contribuir para a fixação dos valores e dos ideais que a justificam como instituição social.”

Com o objetivo de realizar uma pesquisa em campo, adotamos por técnica a observação, pois, parafraseando CUNHA, “é uma excelente técnica de coleta de dados”. Portanto, ao utilizarmos tal critério, pudemos perceber comportamentos, desempenhos, métodos e técnicas de vários tipos de docentes (o autoritário), que vê o ato de lecionar apenas como um complemento de salário; o crítico-reflexivo, que planeja suas aulas e investe na continuidade de sua formação; o permissivo; o “mãezona”, e tantos outros cujas atitudes pessoais que jamais passarão despercebidas pelos alunos), que embora critiquemos, muitas vezes fazem parte de nosso discurso aos alunos: ameaças, chantagens emocionais, controle da indisciplina através do medo, autoritarismo.....; enfim tudo que promove o não-desenvolvimento cognitivo6 do discente.
“O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca." (FREIRE, 1996)
Como o ensino não pode e não deve ser algo estático e unidirecional, devemos nos lembrar de que a sala de aula não é apenas um lugar para transmitir conteúdos teóricos; é, também, local de aprendizado de valores e comportamentos, de aquisição de uma mentalidade científica lógica e participativa, que poderá possibilitar ao indivíduo, bem orientado, interpretar e transformar a sociedade e a natureza em benefício do bem-estar coletivo e pessoal. Tão bem nos lembra GRISI:
“Toda aula, em resumo, seja qual for o objetivo a que vise, e por mais claro, preciso, restrito, que este se apresente, tem sempre uma inelutável repercussão mais ou menos ampla, no comportamento e no pensamento dos alunos.” (1971)

Professores, amantes de sua profissão, comprometidos com a produção do conhecimento em sala de aula, que desenvolvem com seus alunos um vínculo muito estreito de amizade e respeito mútuo pelo saber, são fundamentais. Professores que não medem esforços para levar os seus alunos à ação, à reflexão crítica, à curiosidade, ao questionamento e à descoberta são essenciais.
Professores, ou melhor, educadores que, ao respeitar no aluno o desenvolvimento que este adquiriu através de suas experiências de vida (conhecimentos já assimilados), da sua idade e desenvolvimento mental, são imprescindíveis.

A nosso ver, a relação estabelecida entre professores e alunos constitui o cerne do processo pedagógico. É impossível desvincular a realidade escolar da realidade de mundo vivenciada pelos discentes, uma vez que essa relação é uma “rua de mão dupla”, pois ambos (professores e alunos) podem ensinar e aprender através de suas experiências.
“Para por em prática o diálogo, o educador não pode colocar-se na posição ingênua de quem se pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem “perdido”, fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiência de vida e por isso também é portador de um saber.” (GADOTTI, 1999)
Se por um lado é importante a existência de afetividade, confiança, empatia e respeito entre docente e discente para que melhor se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autônoma; por outro, os educadores não podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor. Portanto, situações diferenciadas adotadas com um determinado aluno (como permitir que, sem justificativa coerente, entregue seu dever em data diferente da estipulada; ou melhorar a nota deste, para que ele não fique de recuperação), apenas norteadas pelo fator amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes de um “Formador de Opiniões”.
“Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos [...] A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade. Não posso condicionar a avaliação do trabalho escolar de um aluno ao maior ou menor bem querer que tenha por ele.” (FREIRE, 1996). Outro reflexo desse aspecto (excesso de afetividade), mas sob um prisma mais direcionado à superproteção, geralmente pode ser observado em salas de ensino fundamental da quinta série: crianças indisciplinadas, inquietas, por vezes, arrogantes e revoltadas.

É fato que durante esse estágio da vida as crianças estão passando por uma fase de adaptação (transição da quarta para a quinta série) e que tudo que é novo causa certo medo e ansiedade; portanto, é normal e até esperado que esse período provoque alguns problemas disciplinares no início; mas, o que nos chama a atenção é a total falta de organização e senso de responsabilidade que muitas vezes tais crianças apresentam.
Devemos, enquanto educadores, atentarmos quanto a nossas atitudes, pois, não raras vezes, o motivo de tal reação é a falta de autoridade e proteção excessivas, ocultas em atitudes inconscientes, tais como: anotar os deveres nas agendas dos alunos, em lugar de deixar que eles o façam; fornecer as respostas dos exercícios, quando eles não conseguem obtê-las, ao invés de deixá-los descobrir o erro; centralizar a resolução de todos os problemas em nós mesmos, dando mais atenção à criança que é mais mimada, ou indisciplinada, ou está doente; e nos utilizarmos da chantagem emocional para obter a disciplina na sala de aula – os alunos geralmente obedecem, não por conscientização de tal necessidade, mas porque temem “perder” a amizade do professor. Agindo assim não estamos permitindo que os alunos adquiram autonomia em seus atos e, portanto, tornamo-los excessivamente dependentes.
“O ideal consiste em que a criança aprenda por si só, que a razão dirija a própria experiência [...] A falta da prática de pensar, durante a infância, retira dela essa faculdade para o resto da vida.” (ELIAS, 2000)

Para exercer sua real função, o professor precisa aprender a combinar autoridade, respeito e afetividade; isto é, ao mesmo tempo que estabelece normas, deixando bem claro o que espera dos alunos, deve respeitar a individualidade e a liberdade que esses trazem com eles, para neles poder desenvolver o senso de responsabilidade. Além disso, ainda que o docente necessite atender um aluno em particular, a interação deve estar sempre direcionada para a atividade de todos os alunos em torno dos objetivos e do conteúdo da aula. Outro fator que incomoda, e muito, grande parte dos Amantes do Saber, é a disciplina; ou melhor, a ausência dessa; no entanto, infelizmente, sempre podemos presenciar situações em que muitos professores, em nome da autodisciplina, tomam atitudes, no mínimo, pedagogicamente questionáveis: fazem imposições sem fundamento, ameaçam os alunos e, não raras vezes, chegam a humilhá-los.

Por inúmeras vezes nos deparamos com docentes que ao ouvirem conversa durante a aula gritam com os estudantes, fazem ameaças dizendo que a prova será em breve e que eles não a conseguirão realizar, que aquele conteúdo está “dado”, ou, então, como punição, passam exercícios valendo nota, para serem entregues no final da aula. Outros, simplesmente ignoram tal fato, demonstrando, claramente, que estão mais preocupados em cumprir o conteúdo curricular planejado para aquela aula, do que em descobrir o porquê da falta de interesse e da indisciplina da maioria dos seus alunos.

Casos em que o professor assume uma postura autoritária e acredita que distanciamento hierárquico é sinônimo de respeito, não são raros dentro de uma sala de aula. Esse profissional, como um “general”, geralmente intimida os discentes a prestarem atenção, e ministra suas aulas sem se importar que haja alunos que não estão acompanhando o seu raciocínio. Sua atenção está voltada apenas para alguns poucos alunos que, sentados nas primeiras carteiras, olham-no atentamente. Quando algum dos supostamente desinteressados faz alguma pergunta, ou é ignorado, ou recebe como resposta: “Se você estivesse prestando atenção, teria entendido”. Convém salientar que essas “disputas” entre mestre e discípulos pouco ou nenhum resultado prático trazem, pois um aluno que é retirado da sala de aula por comportamento inadequado e encaminhado à biblioteca para realizar uma pesquisa sobre o tema da aula, ou não o faz, ou o entrega ao professor antes do término do período.

Será que essa postura docente contribui de alguma forma para que um professor obtenha o respeito e a disciplina que tanto deseja em sala de aula?

Em nosso entender, respeito se conquista, não se impõe; e o diálogo é o melhor caminho para a solução de problemas. Assim sendo, fazemos nossas as palavras de LIBÂNEO:“O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (1994)

Segundo MASSETO (1996), o sucesso (ou não) da aprendizagem está fundamentado essencialmente na forte relação afetiva existente entre alunos e professores, alunos e alunos e professores e professores. Assim sendo, podemos dizer que a atitude deste professor, assim como a de muitos outros que encontramos no nosso dia-a-dia, reflete um profissional não comprometido com o seu trabalho, que não investe suficientemente na sua formação e que, dessa forma, torna-se apenas uma projeção do que foram seus professores, repetindo o mesmo currículo de seus antecessores, resistente a mudanças e um praticante de aulas expositivas monótonas e repetitivas repletas de muita “falação”, distantes das reais necessidades dos alunos, e que, portanto, os induz à desmotivação, à falta de interesse, à indisciplina, à incapacidade de refletir, criar e problematizar situações que poderiam auxiliar na construção e desenvolvimento de seu conhecimento intelectual e de seu caráter.

E por falar em indisciplina, essa não deveria ser uma constante entre professores e alunos. Aulas dinâmicas, divertidas, linguagem clara, objetiva e de fácil entendimento, sempre associando o tema em questão a situações atuais, de conhecimento dos alunos, utilizando mais a explanação verbal do que a lousa (vista como um suporte, apoio para registrar, de forma resumida, alguma informação mais importante), tornam as explicações dadas pelo docente, segundo opinião unânime dos alunos, uma aula motivadora.

Vale a pena continuar ressaltando a atuação de alguns professores, não como modelo inquestionável de docência, mas como fonte de inspiração para que continuemos a buscar um melhor caminho para chegarmos ao coração e à mente de nossos alunos. Um aluno jamais deve permanecer passivo e, mesmo que as respostas dadas sejam incompletas ou incorretas, o verdadeiro educador sempre deve fazer um comentário crítico construtivo: “Você quase conseguiu... Valeu a tentativa!”; ou “Esqueceu, não é? Vamos ver se amanhã você já conseguiu se recuperar da amnésia”. A forma como ele conduz a aula deve despertar a curiosidade pelo ouvir e aprender.
“... o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma ‘cantiga de ninar’. Seus alunos cansam não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.” (FREIRE, 1996)

Um professor deve buscar um aperfeiçoamento constante, ter um carinho especial pela profissão que abraçou e saber utilizar sua autoridade com moderação e imparcialidade. Então, por que não tentar eliminar rapidamente os poucos casos de conversa paralela durante a aula, chamando a atenção dos envolvidos de forma humorada? Por que não conversar, em particular, com qualquer estudante que necessite de uma reprimenda maior? Certamente, todos os alunos o cumprimentarão nos corredores e irão lhe pedir conselhos e orientações.
"Boa técnica de motivação é ter uma conversa em particular com o aluno. Em que se procura explorar o sentimentalismo e também, quando necessário, falar francamente com o aluno, chamando-o às suas responsabilidades. É imprescindível que ele sinta, apesar das verdades, se necessárias, que o professor é seu amigo e tudo está fazendo para ajudá-lo." (NÉRICI, 1992)

Estabelecendo um paralelo entre todas essas atuações, podemos afirmar que a disciplina em sala de aula está diretamente ligada ao estilo de prática docente; isto é, à autoridade profissional, moral e técnica do professor.
Dessa forma, entre todos os observados, os professores que melhor conseguem este controle são aqueles que dominam o conteúdo que ensinam; não têm receio de dizer que não conhecem a resposta, mas que a irão pesquisar e depois a trarão (e cumprem a promessa); adaptam seus métodos e procedimentos de ensino em função da necessidade de sua clientela; possuem tato em lidar com as diferenças individuais em sala de aula; estão abertos ao diálogo; e demonstram dedicação profissional, senso de justiça, caráter, competência e hábitos pedagógico-didáticos necessários à organização do processo verdadeiro de ensino.

Um professor competente está sempre pronto a refletir sobre sua metodologia, sua postura em aula, a replanejar sua prática educativa, a fim de estimular a aprendizagem, a motivação13 dos seus alunos, de modo que cada um deles seja um ser consciente, ativo, autônomo, participativo e agente crítico modificador de sua realidade.

Vale a pena ainda mencionar um outro aspecto relevante no que concerne à relação teoria-prática, no caso, representada no exemplo que os professores dão, manifestando sua curiosidade, competência e abertura de espírito. Segundo MASCELLANI:
“O educador que não se organiza de modo satisfatório para questionar as condições dentro das quais vive [...] não conseguirá sequer ter comportamentos autênticos diante daqueles que deve educar, ou, pelo menos, diante dos alunos que estão colocados diante de si, destinatários de sua ação educativa.” (1980)

De nada adianta falar sobre organização, responsabilidade, ética, autonomia, se, na prática, não houver um planejamento das aulas, continuar-se a fazer críticas, pública e abertamente, contra colegas de trabalho, não se reservar algum tempo para o aperfeiçoamento contínuo e utilizar-se dos horários das aulas para realizar tarefas estranhas àquele momento (atualização de diários, correção de provas etc.).

O prazer pelo aprender não é uma atividade que nasce espontaneamente nos alunos, pois, muitas vezes, não é uma tarefa que cumprem com prazer. Para que este hábito possa ser melhor cultivado, é necessário que o professor consiga despertar a curiosidade dos alunos e acompanhar suas ações na solução das tarefas que ele propuser (o não acompanhamento poderá fazer os alunos se sentirem inseguros na realização da atividade proposta, por julgarem-se cobrados a um desempenho para o qual não foram preparados; e, o fornecer as respostas prontas, não permitindo que o aluno problematize e descubra a resposta correta, acomoda-o e prejudica sua autonomia).

Além disso, o aluno deve obter conhecimento não apenas para ter na cabeça muitas informações que, na maioria dos casos, nunca vai utilizar. O conhecimento ideal é aquele que o transforma em um “cidadão do mundo”. No entanto, para que isso aconteça, o papel do professor deve ser a de um “facilitador de aprendizagem”, aquele que provoca no aluno um estímulo que o faça aprender a aprender.

Tornar-se um professor facilitador não é uma tarefa muito fácil, pois requer a quebra de vários paradigmas16; o aprender a não desistir; a conscientização de que em uma sala de aula não há aprendizado homogêneo e imediato; que a orientação do professor/facilitador/orientador, acompanhando cada passo do aluno, com a intenção de que ele, gradativamente, liberte-se e demonstre seu potencial, é fundamental; a percepção de que a formação continuada é uma necessidade básica, e que uma postura crítica-reflexiva deve fazer parte do seu dia-a-dia.


Notas


1. Autoritário: Aquele que usa com rigor a sua autoridade, não admitindo contradições. Ver ELIAS, Marisa Del Cioppo. Pedagogia Freinet – Teoria e Prática. São Paulo: Papirus, 1996.
2. Crítico - Reflexivo: Aquele que está aberto a quaisquer sugestões e críticas que o ajudem a se repensar como profissional a fim de reformular e melhorar sua prática. Ver HYPOLITTO, Dinéia. A formação do Professor o Estágio Supervisionado. São Paulo: Editora Catálise, 2001.
3. Permissivo: Aquele que permite que seus alunos pratiquem ou tomem atitudes despropositadas ou desrespeitosas para consigo ou para com seus amigos. Ver FURLANI, Lúcia Maria Teixeira. Autoridade do professor: meta, mito ou nada disso? São Paulo: Editora Cortez, 1991.
4. Indisciplina: Falta de controle sobre os próprios atos e desrespeito as limitações e anseios das demais pessoas.
5. Autoritarismo: Uso impróprio da autoridade; imposição de forma dominadora, arbitrária e opressora.
6. Desenvolvimento Cognatico: Relativo a aquisição de um conhecimento, a percepção.
7. Afetividade: Afeição, simpatia, amizade; conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões.
8. Empatia: Tendência para sentir o que sentiria caso se estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa.
9. Autoridade: Direito ou poder de se fazer obedecer, de se dar ordens, de tomar decisões, de agir; que tem influência e age; que tem por encargo fazer respeitar as leis.
10. Autodisciplina: “ Conjunto de princípios e regras elaborado livremente pela pessoa, através do contato com a realidade e da interação com os outros, e interiorizados pela aprendizagem, pela tomada de consciência das exigências da vida pessoa e social, e pela busca da autonomia através da atividade livre”. (HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática,1997, p.66)
11. Diálogo: Comunicação, exposição de idéias através de perguntas e respostas entre duas ou mais pessoas.
12. Competência: Segundo o Dicionário Aurélio: qualidade de quem é capaz de apreciar e desenvolver certos assuntos... competente é aquele que julga, avalia, pondera, acha a solução e decide.
13. Motivação: Ato de estimular o aluno com a finalidade de tornar a aprendizagem mais produtiva. Ver ZÓBOLI, G.. Práticas de Ensino – Subsídios para a Atividade Docente. 7ª ed. São Paulo: Editora Ática, 1996.
14. Teoria-Prática: “É preciso falar, tanto quanto possível, através de ações, e apenas dizer o que é impossível fazer.” (ROUSSEAU, 1990, p.197).
15. Planejamento: VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Plano de Ensino – Aprendizagem e Projeto Educativo – elementos metodológicos para elaboração e realização. São Paulo. Libertad, 1995.
16. Paradigamas: Modelos, padrões.
17. Formação Contínuada: “Atividades formativas que ocorrem após a certificação profissional inicial... que visa principal ou exclusivamente melhor os conhecimentos, as habilidades práticas e as atividades dos professores na busca de maior eficácia na educação dos alunos”. (RODRIGUES e ESTEVES, 1993, P.44).


Referências Bibliográficas

CUNHA, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 1994.
ELIAS, M. D. C. Pedagogia Freinet – Teoria e prática. São Paulo: Papirus, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FURLANI, L. M. T. Autoridade do professor: meta, mito, nada disso? São Paulo: Cortez, 1991.
GADOTTI, M.. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999.
GRISI, R.. Didática mínima. 3. ed. São Paulo: Nacional, 1971.
HAYDT, R. C. C.. Curso de didática 2 Geral. São Paulo: Editora Ática, 1997.
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O CENÁRIO DA INDISCIPLINA PELO PROF WAGNER JARDIM - PALETRANTE E ESCRITOR



















O CENÁRIO DA INDISCIPLINA PELO PROFESSOR/PALESTRANTE E EDUCADOR WAGNER JARDIM

As escolas estão vivendo um momento crítico, principalmente na questão da disciplina. Tal situação já persiste, e vem se agravando, há quase duas décadas ou mais, como podemos acompanhar pelos estudos e pesquisas levados a efeito nas mais diversas instituições acadêmicas do país.
De um lado, posso dizer que na escola são vividos os problemas sociais: a sociedade está atravessando um período de turbulência no que diz respeito à violência, ao medo que se faz presente diuturnamente em todos os aspectos da vida social, haja vista que os meios de comunicação, em particular na propaganda eleitoral, anunciam que há, diariamente, 47 pessoas mortas, no país, em situações de violência, o que se traduz num aumento excessivo da criminalidade, a ponto do Brasil atingir o mais alto índice do mundo no que diz respeito aos países que matam com arma de fogo. Nesse cenário, a escola procura dar conta de seu papel de formar o aluno, preparando as novas gerações para exercer o comando da sociedade.
Vários dispositivos legais são criados para fazer funcionar regras e leis como garantia de uma retaguarda ao desenvolvimento da criança.
No entanto, a escola não está conseguindo dar conta dessa atribuição como deveria. Está descaracterizada; perdeu o eixo: conhecimento, tradição. E isso está causando um mal estar nos professores que se sentem impotentes frente a estas demandas; têm que preparar o aluno para a vida, fornecer-lhe as ferramentas/conhecimentos com que poderá atuar para conduzir a civilização.
Há a idealização de um futuro sem referências ao passado, sem uma aposta na criança. E,frente à magnitude do dever e falta de embasamento no passado, vê-se impedido de ensinar, vê-se em escolas que não conseguem segurar o aluno dentro da sala de aula, muito menos despertar e manter seu interesse pelos conteúdos curriculares específicos.
De outro lado, percebemos claramente que as medidas adotadas não têm atingido o âmago da questão, agindo mais como paliativo, para acalmar os ânimos no momento das ocorrências de indisciplina.
Indisciplina que, na atualidade, se apresenta não mais como um evento específico e esporádico, mas como um dos mais graves e generalizados obstáculos pedagógicos ao trabalho educativo com alunos de todas as idades.
No artigo “A criança, “sua” (in)disciplina e a psicanálise”, publicado no livro “Indisciplina na Escola – Alternativas Teóricas e Práticas”, o professor Leandro de Lajonquière registra que “o mal da educação atual não seria apenas um mas dois, pois acrescenta aos problemas de aprendizagem a denominada indisciplina escolar”. Questão que se apresenta com uma série de produtos bastante díspares que vão desde os desentendimentos mais corriqueiros de se recusar a emprestar um simples material escolar ao colega, ao cúmulo de destratar e ofender professores, seja com palavras, seja com atos agressivos, como jogar bolas de papel em suas costas enquanto o professor escreve na lousa, colocar cola ou alfinetes em sua cadeira, acomodar a lata de lixo sobre a porta, a fim de que o conteúdo caia sobre o professor quando este adentrar a sala para ministrar sua aula. Destaque-se, ainda, os extremos de agressões físicas entre alunos e alunas durante as aulas, com professores dentro da classe, a destruição de cortinas e vidros da sala de aula, além dos armários e materiais escolares de outras turmas que ocupam a mesma sala em outro(s) período(s). A regra geral tem sido os alunos “não estarem nem aí” a cada aula e o professor precisar conquistá-los numa relação franca, amistosa, cordial. Perdeu-se a noção de que a posição mais elevada na hierarquia escolar é ocupada pelo conhecimento e não pela simpatia do professor. E relação que flui é impossível quando alguns perturbam a aula o tempo todo e até impedem os outros de assistir a essas aulas. Tais alunos competem pelo lugar do professor, impedindo os demais de prestarem atenção e serem bons alunos.
Concordo plenamente com o professor Lajonquière quando diz, no mesmo artigo, “que o limite entre os problemas de aprendizagem e os de indisciplina torna-se um tanto difuso – alguns comportamentos infantis ora são considerados sob uma rubrica, ora sob a outra (...) afirmando que) embora de uma forma não manifesta, há de fato no imaginário escolar um amálgama entre aprendizagem, disciplina e maturação psicológica. Mais ainda, lembrando a tese freudiana a propósito da eficácia do recalcado, talvez possamos dizer que essa trilogia produz efeitos no interior do campo pedagógico, na medida em que opera implicitamente”.
Também causa estranheza o fato de que, quando a escola tem que justificar a reprovação de aluno que entrou com pedido de recurso na diretoria de ensino, a fim de anular a referida reprovação e ser promovido para a série seguinte mesmo sem dominar os conhecimentos mínimos indispensáveis para a continuidade de estudos, não se poder sequer citar problemas disciplinares que prejudicaram o aproveitamento desse aluno, relacionando apenas questões de aprendizagem, como se estas estivessem totalmente separadas daquelas.
Nestes casos, muitas vezes, a diretoria de ensino aprova o aluno que a escola reprovou alegando motivos irrelevantes, como o preenchimento incompleto ou insuficiente dos diários de classe por um ou mais professores, onde não está explícito que deram oportunidades de recuperação àquele aluno.
Com isso, o discurso pedagógico hegemônico premia alunos que não têm condições de acompanhar o conteúdo da série seguinte, sem perceber, será, que está prejudicando a construção do conhecimento desse aluno e da classe em que ele freqüenta as aulas, bem como que está desvalorizando os professores e a escola. Acrescente-se, ainda, que os reflexos da perda de recurso de alunos se fazem sentir por muito tempo no trabalho docente, uma vez que o professor, geralmente, fica inseguro e com medo de reviver a situação constrangedora. Em conseqüência, nos anos seguintes, aprova alunos sem condições, ou seja, que não dominam os conteúdos mínimos indispensáveis para a série posterior.
Os educandos, por sua vez, sentem-se “amparados” pela legislação, e reforçam as atitudes negativas de falta de estudo, de atenção, de disciplina.
No entanto, a escola não pode abrir mão da sua responsabilidade quanto à disciplina que, realmente, é um problema bastante complexo, pois envolve a formação da consciência do sujeito, de seu caráter e da cidadania.
Considerando a questão da organização do trabalho coletivo em sala de aula objetivando realizar a construção do conhecimento, podemos dizer que a disciplina que marcou a educação até os anos de 1980 deixou de ter sintonia em relação aos comportamentos dos tempos atuais, pois sabemos que cada época tem sua maneira própria de manifestar seus sintomas. O que muitos alunos de hoje fazem é desafiar os professores, provocá-los, considerando-se vitoriosos por conseguirem que estes não dêem adequadamente suas aulas.
Ocorrências nesse nível se dão, principalmente, em escolas que têm fama ruim, abrigando/atendendo alunos que não se deram bem em outras instituições. Eles já entram com uma auto-imagem negativa, agredindo/odiando a escola que os acolhe.
E, se as regras não são aplicadas, se a escola desculpa demais os alunos, argumenta excessivamente com eles sobre o regulamento, mas não exige seu cumprimento, esses alunos perdem as referências, os limites, e a violência aumenta, como algo que se retroalimenta.
Geralmente as escolas mais permissivas, que mais “escutam” os alunos, negociam, são também as mais violentas, como se pode apreender de pesquisas recentemente realizadas. Isso não quer dizer que os alunos não devam ser ouvidos em sua condição de estudantes, de sujeitos em formação. O que não dá é para seguir tudo o que dizem/reivindicam como se fossem ordens a serem cumpridas. Ouvir é uma coisa. Seguir a direção que eles querem impor é outra. Não se pode perder a autoridade legitimada pelo conhecimento.
Neste ponto, é importante considerarmos que faz parte do desenvolvimento dos alunos ir contra o professor e a escola; desafiá-los. Escola e professores é que precisam estar cientes de que os alunos estão num exercício de diferenciação, buscando autonomia, e agir de forma a explicitar a situação, evitando revolta ou apatia, o que é muito importante e revela maturidade. O oposto pode instalar revolta ou apatia dissonantes, o que, em ambos os casos, não deixa o trabalho da escola avançar.
O que o conjunto da sociedade, em especial dos educadores, deseja é uma disciplina ativa e consciente, marcada pelo respeito, responsabilidade, construção do conhecimento, interação, participação, formação do caráter e da cidadania. E isto começa em casa, com os pais, que têm que transmitir o saber fazer à criança.
Eles são os primeiros modelos. Se tomarmos o quadro dos últimos dez, quinze anos, muitas medidas têm sido adotadas, como a promoção automática, salas de apoio pedagógico, aulas de recuperação no contra-turno, encaminhamento de alunos para serviços psicopedagógicos, etc, e nem por isso constata-se melhora no panorama disciplinar que, ao contrário, agrava-se, pois a maioria das medidas tomadas não está produzindo os efeitos desejados. O que ocorre é que, cada vez mais, estamos nos afastando do eixo: conhecimento.
Há alguns anos atrás, quando se convidava/obrigava um aluno a transferir-se da escola, os outros ficavam assustados/temerosos e a disciplina da instituição melhorava, pelo menos por um tempo. Hoje não é bem assim. Essa medida banalizou-se. Alunos e pais acham que têm o poder de reverter todas as decisões da escola, pois muitas vezes conseguem mesmo. Nesse ponto, há que se considerar que quando a escola decide qual aluno pode ficar e qual não, está fazendo a posição da lei encarnada, da mãe onipotente que diz: aqui essa criança não cabe. E a escola acaba assumindo um poder grande demais.
No entanto, uma coisa é a autoridade do professor e da escola, com base no conhecimento e na tarefa educativa, outra coisa é o autoritarismo. A autoridade é algo da própria estrutura do encontro entre um adulto e uma criança. Já se essa autoridade for fundada sobre bases ilegítimas, conduz ao autoritarismo e à injustiça.
Devo considerar, no entanto, que negar a autoridade em nome de igualdades forjadas conduz à hipocrisia nas relações humanas. Yves de La Taille em seu artigo “Autoridade na Escola”, publicado no livro “Autoridade e Autonomia na Escola – Alternativas Teóricas e Práticas”, diz que os dois perigos estão no campo da educação e que, “por exemplo, se a escola negar toda e qualquer capacidade de discernimento e singularidade intelectuais aos alunos, ela se arvora o direito de arbitrar indiscriminadamente sobre cada uma de suas condutas – eis o autoritarismo – e, em caso de fracasso por parte deles, longe de questionar suas pretensões e seus métodos, ela incrimina aqueles que `fogem da norma`: são indisciplinados, preguiçosos, retardados – eis a injustiça. Todavia, se a escola negar que a relação professor/aluno é, por definição, assimétrica, uma vez que o primeiro sabe coisas que o segundo deseja ou precisa conhecer, ela, em nome de um igualitarismo de bom tom, paralisa-se e, por conseguinte, paralisa os jovens que a freqüentam.” Então devemos evitar o autoritarismo, combatê-lo, mas lutar pela autoridade no processo educativo, na família e na escola.
Parece que não estão sendo tomadas as medidas adequadas, ou seja, mudam-se regras e regimentos, enfatizando a punição, quando deveriam ser incentivadas outras medidas, como fortalecer o corpo docente, instrumentalizando-o através de cursos/estudos/capacitação constante e adequada. Além de medidas legais coerentes, que não aprovem alunos sem condições.
É preciso que a escola cumpra seu papel de formadora e disciplinadora, que seus referenciais estimulem o jovem a não ir para a indisciplina, que ele se sinta respeitado e apoiado para retribuir com respeito e adesão. Há que se olhar para os casos de insucesso para se aprender com eles. Há que se olhar para os casos clínicos, para a teoria psicanalítica e aprender com ela, e procurar recuperar o papel da escola e a autoridade do professor, ao invés de inventar mil programas que não dão certo, mas dão gasto do ponto de vista econômico e produzem desgaste impressionante para e no professorado.

A Relação Professor-Aluno pelo Professor/Educador/Palestrante Wagner Jardim



















A Relação Professor-Aluno

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre o papel do professor do século XXI a partir dos questionamentos:

a) a relação professor-aluno;
b) a diferença entre educação, ensino, instrução e treinamento a partir dos meios de multimídia e;
c) a informática na educação e o microcosmos da sala de aula.

É importante ressaltar que as reflexões apresentadas têm como base a leitura de uma série de textos selecionados nas aulas de Sociologia da Educação.
Assim, pode-se ter uma visão intertextual de algumas das reflexões aqui propostas, dialogando sempre com os autores lidos e exercendo a crítica, a fim de que o trabalho seja uma ponte entre a teoria e a prática educacional do século XXI.
É real a afirmação quando dizem que poucos se lembraram de alguém que exerce uma função social de alta complexidade, lutando pela sobrevivência da cultura e do saber, em condições nem sempre favoráveis – o professor.
Com essa afirmação,inicia-se esse artigo sobre a triste constatação de que o Dia do Professor passou em branco. Por que a sociedade esqueceu-se desse dia?
Por que não valorizarmos aqueles que nos incentivaram à prática da leitura, ao interesse pelos números, à curiosidade pelo corpo humano, à investigação pelos fatos, ao encantamento pelas línguas e à descoberta dos espaços habitados e inabitados? Por quê?
Não poderíamos deixar de lado a atual situação da educação no Brasil e da relação professor-aluno, que reflete o que ocorre fora do ambiente escolar.
Quantos professores sentiram na pele a discriminação de alguns alunos em relação ao seu papel em sala de aula?
Quantos se perguntaram – "o que estou fazendo aqui?" – e obtiveram como resposta sempre a mesma afirmação: "eu gosto de lecionar, adoro conhecer pessoas, fazer algo por elas, adoro vê-las descobrindo coisas a partir das indagações propostas por mim ou pelo mundo", e, por último, dizem: "não saberia fazer outra coisa na vida".

É fato que o professor, ao longo do tempo, foi perdendo prestígio e respeito perante a sociedade o que acabou afetando sua posição hoje na sala de aula.
O que se vê agora como bem disse Paulo Freire é que as empresas estão se tornando cada vez mais escolas e as escolas, cada vez mais empresas.
Dessa forma, o alunado, principalmente nas instituições privadas, vê no professor um funcionário pago por ele e acaba sentindo-se "patrão" direto dos mesmos.
Atualmente, o aluno é quem manda, quem diz se gostou ou não de tal professor e funciona quase como um diretor paralelo, não escolhendo, mas eliminando alguns sujeitos da grade docente de determinadas escolas, sobretudo nas da rede particular de ensino.
Essa situação não deve continuar.
É preciso resgatar a imagem do professor e valorizar o seu importante papel na escola e na sociedade.
É preciso resgatar a magia da leitura, falada por Rubem Alves (1999).
Foi D. Iva – não sei se ela ainda vive – quem me ensinou que ler pode ser delicioso como voar ou como patinar.
Ela lia para nós. Não era para aprender nada.
Não havia provas sobre livros lidos.
Era pura alegria. Poliana, Heidi, Viagem ao céu, O saci.
Ninguém faltava, ninguém piscava.
A voz de D. Iva nos introduzia num mundo encantado.
O tempo passava rápido demais.
Era com tristeza que víamos a professora fechar o livro.
Por outro lado, há professores que, por medo, ignorância ou arrogância, não conseguem ter um bom relacionamento com os alunos e deixam de lado a aprendizagem afetiva, colocando em prática somente a pedagogia tradicional na qual o aluno é visto como uma folha em branco pronta para ser preenchida pelo digníssimo professor "sabichão".
Nesse método, não há trocas. Não há críticas. Não há crescimento.
Há platéia. Há ouvintes. Há fã-clube.
Contudo, não é esse tipo de relacionamento, unilateral, que desejamos para os nossos jovens.
Não é dessa forma que se ajuda alguém a contestar, a ter o direito a não concordar com as coisas, ou até de concordar, criticamente, com o assunto apresentado.
O professor, do século XXI, deve funcionar como um facilitador no acesso a informações.
Deve funcionar como um bom amigo que auxilia o sujeito a conhecer o mundo e seus problemas, seus fatos, suas injustiças e suas solidariedades, de forma que o aluno possa caminhar com liberdade de expressão e, conseqüentemente, de ação.
Em contrapartida, o aluno deve respeitar o espaço escolar e valorizar o professor, sabendo aproveitar a magia do momento, o encantamento do aprender-ensinar-aprender.
Portanto, o professor hoje é aquele que ensina o aluno a aprender e a ensinar a outrem o que aprendeu.
Porém, não se trata aqui daquele ensinar passivo, mas do ensinar ativo no qual o aluno é sujeito da ação, e não sujeito–paciente.
Em última instância, é preciso ficar evidente que o professor agora é o formador e como tal precisa ser autodidata, integrador, comunicador, questionador, criativo, colaborador, eficiente, flexível, gerador de conhecimento, difusor de informação e comprometido com as mudanças desta nova era.
REGO (2001) nos mostra que os postulados de Vygotsky parecem apontar para a necessidade de criação de uma escola bem diferente da que conhecemos.
Uma escola em que as pessoas possam dialogar, duvidar, discutir, questionar e compartilhar saberes.
Onde há espaço para transformações, para as diferenças, para o erro, para as contradições, para a colaboração mútua e para a criatividade. Uma escola em que os professores e alunos tenham autonomia, possam pensar, refletir sobre o seu próprio processo de construção de conhecimentos e ter acesso a novas informações.
Uma escola em que o conhecimento já sistematizado não é tratado de forma dogmática e esvaziado de significado.
Assim deve ser a relação professor-aluno, o aluno precisa aprender a aprender e o professor precisa aprender a reaprender sempre.

Educação, Ensino, Instrução E Treinamento

DEMO (1994) diz que o aprender a aprender é fundamental, uma vez que a habilidade obtida em processos de mero ensino e de mera aprendizagem caracteriza-se pela cópia, pela imitação.
Não se fazem "mestres", apenas aprendizes, executores de planos e projetos alheios, "fazedores" fidedignos.
Disso resulta o "treinado", aquele trabalhador capaz de perfazer a tarefa como cópia perfeita no esquema do reflexo condicionado.
Atualmente, muitas são as técnicas específicas de auxiliar o aprender a aprender. Antes de qualquer coisa é importante definir o que é aprender.
DEPRESBITERIS (1999) nos esclarece que para os comportamentalistas, aprender é modificar comportamentos.
Numa outra perspectiva, aprender é resolver problemas, é apropriar-se de respostas. Pessoas que defendem essa concepção acreditam que a inteligência não é um dom nem um acúmulo de saberes.
Ela se constrói no decorrer de um longo processo.
A inteligência é, portanto, o resultado de uma construção progressiva, mas não estritamente cumulativa.
Ela produz respostas em diferentes níveis.
O educador dispõe de dois meios para desenvolver o aprender: transmitida seja assimilada por aquele a quem ela se destina.
A descoberta pela experiência permite uma solução original pela própria pessoa que aprende.
Nesta perspectiva, aprender é agir na direção de construir respostas para problemas, suplantar os conflitos cognitivos em um ambiente estimulador, tendo direito ao erro, descobrir fatores invariáveis e variáveis e se apropriar de raciocínios.
Para aqueles que defendem uma aprendizagem significativa, o agir é um interagir consigo mesmo e com outras pessoas.

Atentos à definição de uma aprendizagem significativa, podemos começar a pensar sobre a diferença entre educação, ensino, instrução e treinamento, a partir dos meios multimídias.
É inegável que estamos vivendo uma nova era, a era tecnológica na qual o mundo encontra-se plugado e globalizado de tal forma que o profissional de hoje não deve ser mais o melhor da "turma", ou do bairro, ou da sua cidade, nem mesmo do seu país, mas sim o melhor do mundo.
Da mesma forma, a educação não pode, simplesmente, ignorar os avanços dessa nova era tecnológica, deve sim acompanhar as mudanças e aproveitar os benefícios que essa nova realidade traz para si.
Quando se fala em educação, fala-se em educação, em casa, na escola, na rua e na igreja.
A educação se dá de várias formas e em vários lugares e contextos.
Ao falarmos que fulano não tem educação, pois entrou em sala de aula – após o início da mesma - sem pedir licença à professora, estamos nos referindo à educação dos pais, à educação de casa, à educação informal.
Por outro lado, quando – ao procurar um emprego – exige-se do candidato o diploma de ensino médio, e este não o tem, diz-se que não tem a educação necessária, a educação formal. Não podemos esquecer que esses são apenas uns dos muitos exemplos que poderiam ter sido apresentados para distinguir educação formal da informal.
Na verdade, dependendo do exemplo dado, elas poderiam mudar de papel.
Desse modo, nota-se que há várias teorias em torno do que seja educação.
Para DURKHÜEIM (1972) a educação é uma ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social e tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança particularmente se destina.
Essa definição é deveras tendenciosa e manipuladora, pois não leva em consideração os conhecimentos reais do educando, mas sim sua capacidade de adaptação à sociedade vigente, sem qualquer questionamento crítico.
Alguns teóricos defendem a idéia de que a educação deve ser individualizada, uma vez que o homem seria o objeto central do processo educativo.
Outros defendem a tese da educação comunitária, uma vez que o destino do homem é viver em sociedade.
Contudo, há, ainda, os que acreditam na educação socializante pela qual o homem integra-se à comunidade de forma ativa e participativa, preservando assim tanto os seus interesses como os da comunidade em que vive.
Assim, a educação moderna tem que atender igualmente aos interesses do indivíduo e da comunidade.
Nessa concepção NÉRICI (1993) diz: educação é o processo que visa a revelar e a desenvolver as potencialidades do indivíduo em contato com a realidade, a fim de levá-lo a atuar na mesma de maneira consciente (com conhecimento),eficiente (com tecnologia) e responsável (eticamente)a fim de serem atendidas as necessidades e aspirações da criatura humana, de natureza pessoal, social e transcendental.
No que diz respeito à definição de ensino, esse é entendido como conseqüência da educação.
Para NÉRICI (1993) ensino é o processo que visa a modificar o comportamento do indivíduo por intermédio da aprendizagem com o propósito de efetivar as intenções do conceito de educação, bem como habilitar cada um a orientar a sua própria aprendizagem, a ter iniciativa, a cultivar a confiança em si, a esforçar-se, a desenvolver a criatividade, a entrosar-se com seus semelhantes, a fim de poder participar na sociedade como pessoa consciente, eficiente e ersponsável.
Para o professor Valente, da Unicamp, informação é o fato, é o dado que encontramos nas publicações, na Internet ou trocando informações.
O conhecimento é a informação interpretada, relacionada e processada.
Logo, podemos partir para a diferença entre ensino, instrução e treinamento.
Com o avanço tecnológico, o indivíduo encontra rapidamente informação, porém a informação só passará a ser conhecimento se esse for bem instruído, ou melhor, direcionado por um profissional da educação, para ajudá-lo a compreender que nem tudo que ele lê transformar-se-á em conhecimento, pois nem tudo que existe na rede é, primeiro de qualidade, e; segundo, de relevância educacional.
O ensino confunde-se então com conhecimento e instrução; por esse prisma, confunde-se com a função do educador atual que é de facilitar a aprendizagem do educando.
Por último, treinamento é algo que nos faz lembrar da teoria de condicionamento de
Skinner na qual o educando é estimulado a aprender a partir da repetição de exercícios, seguida de recompensa.
Também na rede podemos treinar e ser treinados, mas só poderemos nos instruir, ou nos educar se tivermos arreigados os conceitos de crítica e autonomia da educação, senão o que teremos é um enorme número de informações desconexas e, com certeza, não é esse o objetivo da educação.

Portanto, G. Rodrigues conclui muito bem seu ensaio quando diz:
a tecnologia facilita a transmissão da informação, mas o papel do professor continua e continuará sendo fundamental para auxiliar o aluno a construir o conhecimento.
Os que não entenderem essa nova realidade correm o risco de serem substituídos por uma máquina. O professor que trabalhar mais como um facilitador será insubstituível e inesquecível, como até hoje é, para qualquer de nós, a figura da primeira professora.

Conclusão

Este trabalho serviu para mim, educador, refletir sobre o nosso papel na escola e na sociedade, bem como repensar também o papel do aluno no microcosmo da sala de aula.
Observamos que os dias atuais trazem inovações a cada minuto e que se ampliou o número de profissionais com diferentes funções na educação.
Hoje temos o professor tradicional, aquele que professa; o educador, aquele que educa e o instrutor, aquele que instrui, geralmente, soa à tecnicismo esta nomenclatura, mas, no fundo é o que se tem na verdade; instrutores de informática, e não professores ou educadores de informática.
Portanto, os educadores, que somos, devemos utilizar todos os recursos que o século XXI nos proporciona sem esquecer nunca, é claro, da intenção do uso feito deles.
Assim, a educação deve ter sempre uma função humanitária e progressista e visar sempre à construção de um cidadão crítico, autônomo e seguro de seu espaço nesta sociedade, a fim de que possa reivindicar os seus direitos com a responsabilidade de seus deveres.

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